O Sandplay foi criado pela psicoterapeuta suíça Dora M. Kalff, em 1948, e fundamentado sobre as sólidas bases da Psicologia Junguiana.
Trata-se de um método de terapia não verbal e não racional, que atinge os níveis mais profundos da psique.
O paciente cria um cenário dentro de uma caixa com medidas determinadas e que favorecem uma abrangente visão desse, seu fundo deve ser azul. Dentro da caixa coloca-se areia (importante ser areia de praia que pode ser peneirada e esterilizada). A caixa pode estar sobre um cavalete ou pode-se colocá-la sobre uma mesa (no caso de crianças menores).
O cenário deve ser criado com miniaturas disponibilizadas em prateleiras, para livre escolha do paciente. As categorias básicas de miniaturas necessárias para atender a criação dos cenários são: figuras humanas, acessórios e utensílios para humanos, móveis/utensílios para casa, alimentos e bebidas, arquitetura (casas, pontes, prédios), meios de transporte, animais, elementos da natureza, crença/fantasia, figuras mágicas/arquetípicas, figuras mitológicas.
A série de cenários criados representam a confrontação prática e contínua com a psique. Um diálogo interno é elaborado a partir da construção e contato com esse.
Segundo Weinrib (1993, p. 37), o aspecto central do jogo de areia de Kalff é o conceito de “espaço livre e protegido”, que tem dimensões tanto físicas quanto psicológicas.
Este método propõe bases para interação corpo e mente, matéria e espírito – cria um campo onde o espírito e corpo podem influenciar-se mutuamente.
O elemento físico do espaço livre e protegido é a caixa de areia, já a proteção implica na limitação da liberdade; enquanto o paciente está livre para criar com inúmeras possibilidades de acordo com as miniaturas disponibilizadas, elas são “finitas”.
O importante do método é que a criação desse cenário se dá no espaço protegido do ambiente terapêutico, onde o paciente pode criar sem interferências do terapeuta, o que difere do método de análise dos sonhos onde há a possibilidade de ampliação na própria sessão.
O diálogo com as imagens criadas na caixa, propõe a integração dos conteúdos inconscientes que vêm à tona e chegam à consciência através das imagens arquetípicas dispostas ali.
Os cenários criados só devem ser desfeitos pelo terapeuta, depois que o paciente deixa o setting terapêutico e depois de ser fotografado pelo terapeuta. Isso é muito importante, o paciente não deve desmontar o cenário, deve levar consigo a imagem criada por si.
Concluindo o método é de suma importância no processo terapêutico, pois quando o paciente entra em contato com a imagem construída por ele, essa vai reverberar dentro de si para que o processo de integração dos conteúdos inconscientes surgidos nesse contato possam ser elaborados e integrados à consciência; resultado desse diálogo interno.